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Uma Reflexão sobre as Palavras, Atitudes e o Poder Transformador da Literatura

A vida é construída e reconstruída infinitamente através de variados elementos, tangíveis e/ou intangíveis. Uma palavra, uma atitude, um livro –  simples elementos do quotidiano, que guardam em si um poder inimaginável capaz de catalisar transformações profundas dentro de nós. O fascínio por esta capacidade transformativa, conduziu-me naturalmente ao livro “Death: an Inside Story” de Sadhguru, uma obra que já referi por várias vezes nos meus textos em que, com o desvendar do véu imposto pela mortalidade, ofereceu-me uma nova perspectiva através da qual passei a observar o mundo, as pessoas e tudo o que me rodeia, com uma positividade renovada.

Ao refletir sobre o poder das palavras, é inevitável analisar e refletir sobre a linguagem, uma ferramenta extremamente poderosa que nos permite expressar, comunicar e estarmos ligados. Uma única palavra pode agir como uma ação curativa ou como uma faca cortante, dependendo do contexto e da intenção com que é proferida. Acho algo intrigante como uma simples palavra que, ao ser pronunciada, tem o poder de desencadear uma cascata de emoções, pensamentos e ações, alterando a trajetória das nossas vidas e, por extensão, a sociedade. Olhando um pouco além da superfície, vamos descobrir um universo de estudos que se debruçam de forma extensiva sobre a psicolinguística que é uma área onde a interação entre a linguagem e a mente humana é explorada, revelando o potencial que as palavras têm para moldar a nossa perceção e o nosso comportamento. Além da palavra, a própria atitude surge como um pilar adicional, fundamental para a construção do ethos individual e coletivo. Acredito que ter uma atitude positiva perante a vida é o antídoto para vencer  os desafios que enfrento, servindo como um fortíssimo alicerce que me permite deslocar por entre as dificuldades da existência com um sentido elevado de resiliência e de esperança. Uma atitude negativa, pelo contrario, é um lento veneno que desgasta a capacidade para apreciar a beleza e as oportunidades que a vida nos oferece.

Pessoalmente, “Death: an Inside Story” foi, para mim, muito mais do que um simples livro. Foi uma verdadeira exploração da profundidade da própria existência e da ligação entre a vida e a morte. Sadhguru, com sua caricata eloquência e profunda sabedoria, ofereceu-me uma perspetiva que transmutou a minha perceção do mundo. O meu caso não é isolado. A literatura, ao longo dos séculos, tem sido fonte inesgotável de inspiração, conhecimento e transformação. Em cada obra literária existe um espelho do ethos da sociedade, refletindo as aspirações, os receios e os dilemas humanos, enquanto nos desafia a questionar, a refletir e a crescer.

A era digital em que vivemos demonstra claramente o papel vital das palavras. Uma simples frase numa rede social desencadeia uma onda de reações através do ciberespaço, afetando a vida real de forma tangível. A linguagem, na sua forma escrita ou falada, é verdadeiramente uma força poderosa que molda a opinião pública, influencia políticas e desencadeia movimentos sociais.

As palavras. Veículos da humanidade, que carregam em si as emoções, os pensamentos e as aspirações de quem as profere e de quem as recebe. As palavras têm o poder para moldar realidades, para construir ou destruir relações e de impulsionar ou parar completamente o progresso. A sua influência é tamanha que conseguem afetar a saúde mental das pessoas, assim como a sua autoestima e a confiança. Quando utilizadas com discernimento e responsabilidade, têm o poder para educar, inspirar e unir; no entanto, quando aplicadas de forma imprudente, podem ser usadas para desinformação, divisão e destruição. Caos. Quanto às atitudes, elas são o reflexo da nossa mentalidade e dos nossos valores. As atitudes que adotamos perante os desafios e as oportunidades da vida são claros indicativos do nosso caráter e da nossa resiliência. Uma atitude positiva beneficia o indivíduo e viaja através da sua rede social e profissional, criando um ambiente realmente propício à colaboração, à inovação e ao bem-estar. As organizações, por exemplo, têm vindo a reconhecer a enorme importância de estimular atitudes positivas entre os seus colaboradores, porque elas são catalisadores de uma cultura organizacional saudável e produtiva. A inovação no universo da linguagem e da literatura tem sido reflexo da evolução contínua da nossa sociedade. Novas formas de expressão, novos géneros literários e novas plataformas de partilha de ideias vão surgindo, cada uma contribuindo para o aumento da riqueza do discurso humano. A ascensão da literatura digital, por exemplo, desafia  as noções tradicionais de autoria e leitura, criando espaços novos para a exploração de ideias e para a comunicação entre diferentes culturas e comunidades.

A interação entre as palavras, atitudes e a literatura, formam um ecossistema rico e complexo com o poder para impactar a nossa vida de maneira profunda. A minha experiência com a obra de Sadhguru é um testemunho do poder transformador da literatura, que, juntamente com as palavras e atitudes, funciona como um trampolim para um entendimento profundo e uma apreciação um pouco mais rica da própria vida. Platão, por exemplo, reconhecia que a literatura tem a capacidade para moldar a natureza da alma humana, enquanto Thomas Hardy via a literatura como uma ferramenta de evolução e transformação das experiências humanas para um domínio elevado de compreensão e de empatia.​ A literatura, através do storytelling, pode-nos ensinar, ajudar a enriquecer e transformar, promovendo uma profunda introspecção e compreensão da nossa condição como seres pensantes​. Um estudo da Universidade de Stanford realçou o facto em como a linguagem é capaz de moldar as pessoas e a cultura, demonstrando que as palavras são mais do que símbolos; são veículos poderosos da cultura e de identidade. A linguagem pode ser subtil ou explícita, mas o seu impacto é duradouro, manifestando-se por vezes, através de microagressões que, embora subtis, têm efeitos profundos nos indivíduos e nas comunidades, perpetuando estereótipos e preconceitos.

As atitudes são moldadas e influenciadas por uma miríade de fatores, incluindo as palavras que ouvimos e a literatura que lemos. Na adolescência, por exemplo, um período crítico de desenvolvimento de atitudes – a  influência dos pares é particularmente forte, criando o molde das atitudes e comportamentos dos jovens para a vida adulta​. Naturalmente, as atitudes que adotamos influenciam a nossa tomada de decisões, a criatividade e até a forma como abordamos e resolvemos problemas. No entanto, nem toda a pesquisa tem um impacto social positivo, como é evidenciado por Lima & Wood (2014), que argumentam o facto de que o impacto social é muitas vezes considerado uma consequência inevitável do desenvolvimento gerado pela ciência, o que nem sempre é verdadeiro​. Embora as palavras, atitudes e literatura possam ter um impacto profundo, é necessário considerar o contexto em que estas interações ocorrem, para realmente sermos capazes de entender e de apreciar o seu significado e impacto. A literatura, as palavras e as atitudes são entidades vivas, com o potencial para transformar o indivíduo e a sociedade. A literatura, por exemplo, pode alterar as percepções sociais, como visto em obras como “The Grapes of Wrath” e “One Flew Over the Cuckoo’s Nest” que influenciaram as percepções sobre pobreza e a saúde mental, respectivamente​. Esta ligação entre as palavras, atitudes, e a literatura, é um convite à introspecção e à evolução contínua, apontando para um caminho de auto-descoberta e transformação social.

A união entre estas entidades não só configura a individualidade, mas também a coletividade, definindo culturas e subculturas. O livro que mencionei, “Death: An Inside Story“, é o veículo que incita o acto de reflexão, promovendo uma reavaliação da vida e morte. Penso que este processo reflexivo é indispensável na era em que vivemos, saturada de informação e de certa forma, superficial. A prática da reflexão é de envolvimento com estas dimensões ajuda a desencadear uma onda de consciência com o potencial para transcender as barreiras superficiais existentes na comunicação, permitindo uma compreensão profunda da própria experiência humana. Concluo, portanto, que explorar de forma contínua as interações entre as palavras, atitudes e a literatura, é um caminho interessante para alcançar um entendimento mais profundo de nós mesmos e do mundo que nos rodeia, construindo o caminho para uma existência mais consciente e interconectada. A expansão desta consciência é uma jornada infinita, onde cada conclusão adquirida abre uma nova porta para mais perguntas e excitantes descobertas.

É verdadeiramente um ciclo virtuoso de crescimento e de evolução, tanto a nível individual como coletivo.

Refletindo sobre todo este trajeto discursivo, sinto que a interação entre a literatura, as palavras e as atitudes são um espelho que reflete a complexidade e a beleza da experiência humana. Ao me deixar perder nas páginas de um livro, a escolher cuidadosamente as minhas palavras e a refletir sobre as minhas atitudes, sinto que estou a bordo de uma viagem interminável de autodescoberta.

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