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Reflexões sobre a Sabedoria Inerente no Silêncio

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É frequente deparar-me com situações que me levam a refletir sobre a interação humana e as suas tão interessantes complexidades.

Vivemos numa era onde as redes sociais são palco de discussões acaloradas. Em que parece imperar a máxima do “quem grita mais alto, vence!”. E dou por mim a ponderar sobre o poder que existe no silêncio e sobre a sabedoria que pode advir da escolha de, por vezes, não fazer uso da minha palavra.

Vamos ser inevitavelmente confrontados com pessoas difíceis ao longo da nossa jornada, quer seja no ambiente profissional, quer na esfera pessoal. Pessoas cujas opiniões contrastam com as nossas, cuja atitude é um desafio, cuja presença simplesmente nos perturba. Nesses momentos, é verdadeiramente tentador reagir, elevar a voz, impor a nossa perspetiva. Todavia, aprendi ao longo dos anos, que essa abordagem nem sempre é a melhor.

Existe uma qualidade extraordinária no silêncio.

O silêncio permite-me escutar mais do que aquilo que é dito. No silêncio, consigo capturar as nuances das emoções, os detalhes escondidos entre as palavras, a essência por detrás das máscaras. Quando opto pelo silêncio, não estou necessariamente a submeter-me ou a demonstrar fraqueza. Estou, isso sim, a demonstrar respeito – respeito pelo direito dos outros em expressar a sua opinião, respeito pela diversidade de perspetivas, respeito pela minha própria serenidade.

Quando lidamos com pessoas difíceis, o silêncio é sempre uma ferramenta com um poder tremendo. Quando não nos deixarmos arrastar para confrontos infrutíferos, torna-se possível conservar a nossa energia, manter a compostura e, muitas vezes, acabamos por naturalmente desarmar os outros. Não se trata de ignorar ou de fugir aos problemas, mas sim, de escolher as batalhas.

Por vezes, a melhor batalha é aquela que não se trava.

Para nós ser possível conseguir utilizar o silêncio da forma mais eficaz, é preciso disciplina, maturidade e sabedoria para perceber quando é que ele se torna a melhor opção. É uma arte que se aperfeiçoa com a experiência, com a observação e com a introspeção. Mas posso assegurar-vos que, na maioria das vezes, vale a pena.

Não obstante a apreciação do silêncio, este não deve ser confundido com passividade ou inação. Ainda assim, quando optamos por permanecer em silêncio, estamos a tomar uma decisão ativa, um gesto que pode ser tão poderoso quanto as palavras que poderiam ter sido ditas. O silêncio pode dar-nos espaço para a reflexão, tanto para nós como para as outras pessoas. Ao escolher o silêncio, permitimos que os outros examinem as suas próprias palavras e acções, algo que tem o poder para ser muito mais eficaz do que qualquer argumento que pudéssemos fazer.

Em alguns casos, falar e expressar a nossa opinião é fundamental e necessário. Devemos ser capazes de defender os nossos pontos de vista e de nos posicionarmos, especialmente quando as nossas convicções estão em jogo.

No silêncio reside uma fonte inesgotável de sabedoria.

Que saibamos ser sábios o suficiente para escutá-la.

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