O 25 de Abril de 1974, conhecido como a Revolução dos Cravos, marca o fim de uma longa ditadura e o início de um processo de democratização que transformou profundamente a sociedade, a economia e a política em Portugal.
Muito perto de cinco décadas após este histórico acontecimento, refletimos sobre as lições aprendidas e os desafios que ainda se colocam à estabilidade da democracia, da justiça e do desenvolvimento sustentável em Portugal.
Uma das principais lições que podemos retirar do 25 de Abril é a importância da participação cívica dos cidadãos na construção de um regime democrático, pluralista e inclusivo.
A Revolução dos Cravos foi um movimento liderado por militares e que rapidamente ganhou o apoio da população, descontente com a opressão, censura e falta de liberdades e direitos fundamentais. A mobilização e o envolvimento dos cidadãos nas eleições, partidos, associações, sindicatos e movimentos sociais foram vitais para a consolidação da democracia e para a implementação de políticas que promovem a igualdade, a solidariedade e o progresso. Contudo, o processo de democratização em Portugal também revelou a complexidade das transformações a nível político, económico e social.
A descolonização, nacionalização de empresas e bancos, a reforma agrária, a educação, a saúde, a habitação, o emprego, a proteção social, a cultura, a ciência, a tecnologia e a inovação, entre muitos outros domínios, constituíram desafios e oportunidades que exigiram grande capacidade de adaptação, de aprendizagem e claro, de compromisso por parte das diferentes instituições envolvidas.
Obtemos assim uma muito importante lição relativamente a este ponto. A necessidade de equilibrar ideais com as condições existentes, e de conjugar a utopia com o pragmatismo, a visão com a ação, a transformação com a continuidade, e a mudança com a estabilidade.
A experiência portuguesa mostra que a democracia é um processo dinâmico, aberto e evolutivo, que requer conjugação de esforços, de recursos e conhecimentos, e também a capacidade de lidar com a incerteza, a ambiguidade e a diversidade, sem nunca perder de vista os valores e princípios que a legitimam.
Uma outra lição que retiramos do 25 de Abril é a importância da educação e da formação para o desenvolvimento humano, económico e social, e para a autonomia dos indivíduos e das comunidades. A expansão e a democratização do sistema de educação português, desde o ensino básico ao superior, e a promoção da investigação e da inovação, contribuíram para a melhoria dos indicadores da qualificação, da produtividade e da competitividade, e para a criação de oportunidades e de emprego, especialmente nas camadas mais jovens e desfavorecidas da população. No entanto, persistem desafios e desigualdades no acesso, nos níveis de sucesso e na qualidade geral da educação, que requerem políticas mais eficazes.
A Revolução dos Cravos ensinou que a cooperação e a integração internacional são aspetos fundamentais para a construção e consolidação da democracia e de um Estado de direito, assim como para a promoção e garantia dos direitos humanos, da paz, da segurança e do desenvolvimento sustentável.
A adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia, atual União Europeia, em 1986, e a participação em organizações e iniciativas multilaterais, como a ONU, a OCDE, a CPLP, a NATO e outras, reforçaram a posição e o papel que tem no mundo, e também abriram a possibilidade ao acesso a fundos, mercados, parcerias e a conhecimento que potenciaram o crescimento e o progresso.
Contudo, a globalização também trouxe riscos e vulnerabilidades, tais como a crise financeira e económica de 2008 e a pandemia da COVID-19, que exigiram respostas e soluções coordenadas, solidárias e altamente inovadoras, tanto a nível nacional como internacional.
A lição a retirar sobre este aspeto é que a sustentabilidade, a justiça e a coesão devem ser princípios orientadores das políticas e práticas adotadas pelos governos, pelas empresas e pelos cidadãos, sempre em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
O legado do 25 de Abril em Portugal é testemunho da capacidade e da força dos portugueses para superar adversidades e, a vontade de aprender com o passado e de construir um futuro justo, livre e próspero.
Concluímos então que, as lições aprendidas com a Revolução dos Cravos reforçam a importância que a democracia tem na participação, educação, cooperação e na sustentabilidade, como sendo valores essenciais para o bem-estar e o desenvolvimento das pessoas e da sociedade, e também como desafios e oportunidades num mundo que está em constante mudança.
Visits: 17
#CoesãoSocial #Globalização #Memória #MudançaSocial #TransiçãoDemocrática #política #Portugal #RevoluçãoSemSangue #ReformaAgrária #Inclusão #ObjetivosDesenvolvimentoSustentável #Sustentabilidade #Progresso #Liberdade #RevoluçãoPacífica #OrganizaçãoDasNaçõesUnidas #LiçõesAprendidas #Desenvolvimento #Democracia #CrescimentoEconómico #25deAbril #IntegraçãoEuropeia #Ditadura #Paz #Justiça #ParticipaçãoCívica #MovimentoDasForçasArmadas #RegimeSalazarista #História #CooperaçãoInternacional #educação #Cravos #EstadoDeDireito #ConstituiçãoPortuguesa #Resistência #RevoluçãoDosCravos #Cultura #MomentosHistóricos #Descolonização #DireitosHumanos #GolpeMilitar #PatrimónioHistórico
Comments