Hoje realizo uma reflexão, inspirado pela importância do amor-próprio, da responsabilidade que tenho para com o meu próprio bem-estar, assim como o que devo ter para com os outros. Esta perspectiva contrapõe-se à interpretação redutora que atribuímos à ideia de sermos “simpáticos”, sugerindo, ao invés, um compromisso para com o encorajamento e o desenvolvimento tanto de nós mesmos como do próximo.
Tratar o próximo como a mim mesmo é um princípio ético e fundamentalmente um aspeto necessário para o desenvolvimento pessoal e interpessoal.
A noção de “ser simpático” é geralmente entendida e associada no seu sentido mais superficial a gestos de cortesia ou de benevolência passageira. Considero, no entanto, que a essência desta noção transcende de forma tremenda, essa visão limitada. Deve existir uma genuína postura de preocupação com o crescimento e a com evolução do próximo, claro. E também, a disposição para encorajar e para apoiar, mesmo quando é exigido o confronto, o desafio e, por vezes, a expressão de verdades inconvenientes. Esta postura requer a existência de uma base de respeito mútuo e reconhecimento do valor intrínseco de cada pessoa, com base na crença de que todos merecem ser tratados com dignidade e compaixão. Esta mesma atitude de encorajamento e de desenvolvimento deve ser estendida a nós próprios. O amor-próprio, não é, portanto, um simples exercício de complacência, mas o reconhecimento da minha própria humanidade, com todas as suas imperfeições, vulnerabilidades e potencialidades. Olhar para o “Eu” como alguém que merece ser ajudado implica adotar uma postura de tolerância sobre mim próprio, permitindo que o espaço necessário exista para crescer, aprender e superar as adversidades. Esta abordagem exige um equilíbrio entre a crítica pessoal construtiva, que é algo vital para o desenvolvimento pessoal e para o amor-próprio, aspeto indispensável para o bem-estar emocional. Devemos, no entanto, estar atentos ao facto de que o amor-próprio, na sua essência, apresenta alguns desafios, especialmente em situações que são pautadas por elevados níveis de exigência sobre nós mesmos e, naturalmente, o perfeccionismo. A tendência para nos criticarmos de forma exacerbada é um aspeto particularmente existente nos indivíduos ansiosos ou altamente conscientes de si mesmos e, pode ser um enorme obstáculo ao exercício do amor-próprio. Este padrão pode conduzir a um ciclo vicioso de avaliação pessoal negativa e de desmotivação, afetando a capacidade para reconhecermos e celebrarmos os sucessos e os progressos pessoais. Conseguirmos adotar uma atitude voltada para a compaixão sobre nós mesmos mesmo exige um esforço consciente e constante, de forma a reconhecer o valor que existe em nós próprios, a aceitar as nossas limitações e a celebrar as pequenas vitórias que vamos obtendo, no caminho de evolução pessoal que estamos a percorrer. Ter compaixão sobre nós próprios não é um acto de renuncia à responsabilidade pessoal ou ao desejo de melhoria. É aceitar a imperfeição como sendo parte integrante da nossa condição como seres humanos. É ter uma postura que reconheça a importância do bem-estar pessoal como um ato de benevolência para nós próprios e a premissa fundamental para a capacidade de cuidarmos dos outros. O amor-próprio e a responsabilidade para nós mesmos devem ser vistas como atitudes complementares e claro, essenciais para ser possível obter uma vida plena e com significado.
No caminho que estou a traçar em direção ao cultivo do amor-próprio, vejo o desafio de redefinir a relação com o Eu, transformando a crítica pessoal em compreensão, o julgamento em empatia. Não vejo todo este processo como simplesmente um exercício de aceitação, mas uma profunda reconfiguração acerca de como me apercebo e interajo com o mundo interno e externo. Realizo que o amor-próprio, não deve ser visto pelo prisma de ter um fim em si mesmo, mas como o início de uma viagem verdadeiramente transformadora em direção ao descobrimento de quem sou na verdade e ao crescimento como sere humano.
Ao realizar o exercício constante de nos tratarmos pessoalmente com a mesma dignidade, o cuidado e a compreensão que reservamos aos outros, vamos conseguir desbloquear o potencial inexplorado para o crescimento e para a realização pessoal. O amor-próprio, no sentido da compreensão e da gentileza, convida-nos a realizar um diálogo interno, onde as falhas sejam vistas não como defeitos irremediáveis, mas como grandes oportunidades de aprendizagem e de evolução. Esta mudança de perspetiva é fundamental para a construção de uma autoestima verdadeiramente resiliente e para o desenvolvimento de uma relação saudável e gratificante para com nós próprios. Ao abraçarmos a nossa humanidade com todas as suas imperfeições, vamos ser capazes de forjar um caminho de vida marcado pela autenticidade, por um propósito verdadeiro e pela alegria.
A prática do amor-próprio é, em última análise, a prática da liberdade, da coragem. Liberdade para nos aceitarmos e nos amarmos da forma como somos, e a coragem para crescermos, mudarmos e enfrentarmos os desafios da vida com resiliência e otimismo no nosso olhar. Este é o caminho para uma vida de plenitude, onde cada momento é vivido com presença, propósito e uma verdadeira paz interior.
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Esta é a dádiva do amor-próprio: a liberdade de sermos verdadeiramente nós mesmos, libertos das amarras da exigência voluntária desmedida e da procura incessante pela aprovação externa.
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Desejo que esta reflexão sirva como convite à introspeção e como um apelo à ação.
Deixo o convite a que todos os que se revejam nestas palavras de introspeção e de transformação, para que juntos, sejamos capazes de cultivar uma relação de amor e respeito por nós mesmos, reconhecendo que cada passo, cada tropeço, é uma parte integrante do nosso processo de crescimento. Que o amor-próprio seja como a Estrela do Norte, que nos guia para o caminho em direção a uma existência rica, profunda e infinitamente gratificante.
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