Vamos parar um pouco e pensar no que realmente significa a diversidade?
Não a ideia que fica bem nos discursos ou nas campanhas institucionais, mas a diversidade que sentimos, a que desafia e que transforma. Confesso que, por vezes, também me pergunto até que ponto entendemos a profundidade deste conceito. Até que ponto, enquanto indivíduos e organizações, estamos dispostos a aceitar, a integrar e, acima de tudo, a valorizar o que é diferente de nós.
A diversidade, na sua essência, não é confortável.
Ela mexe com o que categorizamos como correto, desorganiza os nossos padrões e, obriga-nos a confrontar os preconceitos que nem sabíamos que tínhamos. E é exatamente aí, nesse desconforto, onde realmente crescemos, é no confronto com o diferente que nos surgem as ideias que mudam radicalmente o jogo.
No mundo empresarial, gostamos muito de falar acerca da inovação como se fosse algo que surge de forma espontânea, um lampejo de criatividade que aparece magicamente a partir do nada. A verdade é que a inovação raramente nasce do que consideramos como previsível. Ela emerge, quase sempre, do encontro entre perspetivas distintas, do diálogo entre vozes que, à partida, não se poderiam encaixar. A diversidade é o fértil meio onde a inovação pode ser gerada. Mas, para isso, é preciso cultivar. E, para cultivar, precisamos da inclusão.
Ora bem, aqui está algo que aprendi ao longo da minha breve existência. A diversidade e a inclusão não são sinónimas. Podemos ter uma equipa diversa, carregada de talentos vindos de diferentes contextos, mas isso de pouco adianta se essas pessoas não se sentirem ouvidas, valorizadas, integradas. A inclusão é mais do que o acto de oferecer um lugar à mesa, é garantir que todos têm a oportunidade de participar na conversa. E o curioso é que, quando fazemos isso, quando criamos um espaço onde todos podem contribuir de forma natural, autêntica, orgânica, o impacto é transformador. Não só para os negócios, mas para as pessoas que deles fazem parte.
Sejamos honestos, falar de diversidade é fácil. O difícil é praticá-la.
Difícil é confrontar o preconceito que por vezes se mostra subtil, outras vezes descarado, o preconceito que ainda persiste nas nossas estruturas. Difícil é abrir mão do conforto da familiaridade para abraçar a riqueza do diferente.
A recompensa encontrada no fim desta luta, está à altura do desafio. Uma organização que valorize a diversidade torna-se naturalmente mais criativa, mais inovadora e também, mais humana.
É exatamente aqui que se encontra o ponto que mais me tem feito refletir. Quando falamos de diversidade, não estamos apenas a falar de negócios. Estamos a falar de pessoas. De histórias. De experiências de vida. Cada pessoa que entra numa organização traz consigo um universo de novas ideias, de sonhos, de conhecimento. Ignorar este facto é desperdiçar um potencial que não tem preço. Por isso, pergunto: o que podemos fazer, cada um de nós, para que a diversidade não seja apenas um valor proclamado, mas uma prática vivida? Como podemos, nas nossas pequenas ações do dia-a-dia, abrir espaço para o próximo? Para ouvir o que, talvez, nunca tínhamos pensado ouvir? Para questionar os nossos próprios pontos de vista e crescer com isso?
Acredito que a mudança começa aqui.
Começa reconhecendo de que a inclusão não é um favor que fazemos aos outros, é uma necessidade que temos para nos tornarmos melhores. Como indivíduos, como empresas, como sociedade. E talvez, só talvez, ao aceitarmos este desafio, nos seja possível descobrir que a diversidade não é apenas uma forma de iniciar e desenvolver a inovação, mas também uma força invisível que nos liga uns aos outros, que nos eleva e que nos faz ver o mundo com novos olhos.
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