Recentemente, tenho refletido sobre a canibalização do conhecimento e a sua capacidade para transformar a forma como trabalhamos e como tratamos a inovação nas empresas. Como consultor em estratégia empresarial, tenho visto de perto como o universo empresarial tem-se adaptado.
A pandemia de COVID-19 foi uma espécie de ponto de viragem. De um momento para o outro, fomos forçados a abandonar os modelos tradicionais e a adotar novas formas de trabalho. Este rápido período de adaptação mostrou-me que, para sobrevivermos e alcançarmos o sucesso, necessitamos de fazer um exercício de análise constante, para que o nosso conhecimento esteja sempre atualizado. Não me refiro apenas a aprender coisas novas, mas a revisitar o que já sabemos e a aplicar esse conhecimento de novas maneiras.
Um estudo do Journal of Service Research confirma o que tenho observado. As empresas que promovem ativamente uma cultura de aprendizagem contínua e de canibalização do conhecimento apresentam desempenho superior, o que não me surpreende pois, quando incentivamos a reciclagem de ideias e a reavaliação dos processos, estamos a abrir espaço para a inovação e para a resiliência.
Implementar o conceito de canibalização do conhecimento não é uma tarefa simples. Requer uma mudança de mentalidade e, a criação de um ambiente onde os colaboradores se sintam encorajados a rever e a reinterpretar conhecimentos antigos.
Na minha experiência, os programas de formação contínua e os workshops interativos são ferramentas fantásticas para promover esta prática e, claro, não podemos subestimar a importância das tecnologias avançadas de aprendizagem.
As ferramentas de gestão de conhecimento, como as plataformas de colaboração virtual e de inteligência artificial, têm sido essenciais ao meu trabalho, pois facilitam a coleta e a análise de volumes de dados enormes, assim possibilitando uma clara melhoria e eficiência na tomada de decisões. Um notável exemplo que me vem à mente é a Valamis (2023), que verificou como a implementação de processos de gestão do conhecimento pode reduzir o tempo necessário para encontrar informações e melhorar a satisfação dos clientes.
Os benefícios da canibalização do conhecimento são, portanto, inúmeros e tangíveis!
Primeiro, porque ela promove a inovação. Na minha prática, tenho visto que realizar uma análise de ideias antigas e adaptá-las a novos contextos, gera soluções inovadoras que, de outra forma, poderiam ser negligenciadas.
Em segundo lugar, a autocanibalização aumenta a resiliência organizacional. Quando renovamos conhecimentos, ficamos aptos e mais bem preparados para nos adaptarmos rapidamente às mudanças do mercado e às exigências dos clientes, especialmente porque elas sofrem constantes mutações.
Recentemente, a Innovate UK (2023) destacou a importância das parcerias de transferência de conhecimento para acelerar a inovação e para superar barreiras à produtividade. É um exemplo muito claro em como a canibalização do conhecimento pode ser aplicada para conseguirmos obter vantagens competitivas.
Mas, nem tudo são rosas. A canibalização do conhecimento apresenta vários desafios e, um dos principais é garantir que o processo seja estruturado e bem gerido, caso contrário, corremos o risco de criar confusão e sobrecarga de informações. Na minha experiência, o investimento em tecnologias adequadas e na formação contínua dos colaboradores têm sido aspetos vitais à superação dos obstáculos que surgem ao longo do caminho percorrido.
A liderança também desempenha um papel essencial. Os líderes necessitam promover uma cultura de transparência e de incentivos, para que os colaboradores se sintam seguros para experimentar e para partilharem as suas ideias. Tenho visto como a promoção de uma mentalidade de crescimento contínuo pode fazer maravilhas para o sucesso, através da canibalização do conhecimento.
O Caminho a Seguir
Estou convencido de que a canibalização do conhecimento é uma estratégia fantástica para as empresas que têm o desejo de se manterem competitivas, relevantes e inovadoras nesta era digital em que vivemos.
É o único caminho, na verdade.
A promoção de uma cultura de aprendizagem contínua e de constante reavaliação, pode transformar desafios em oportunidades, garantindo o crescimento sustentável e, embora seja um conceito relativamente novo, a canibalização do conhecimento tem o incrível potencial para revolucionar completamente a gestão do conhecimento e a inovação nas empresas.
Espero que esta reflexão inspire outras organizações a adotarem práticas deste importante conceito que é a canibalização do conhecimento, promovendo um ambiente empresarial mais dinâmico e seguramente preparado para os desafios do futuro.
Referências:
Markus, M. L. (2001). Toward a theory of knowledge reuse: Types of knowledge reuse situations and factors in reuse success. Journal of Management Information Systems, 18(1), 57-93. http://www.sietmanagement.fr/wp-content/uploads/2016/04/markus_knowledge_reuse.pdf
Innovate UK. (2023). Accelerated Knowledge Transfer. https://www.ktp-uk.org/accelerated-knowledge-transfer/)
oh, W. F., & Yellin, J. (2006). The role of knowledge management strategies and task knowledge in stimulating service innovation. Journal of Service Research, 9(2), 161-172. https://www.researchgate.net/publication/247743995_The_Role_of_Knowledge_Management_Strategies_and_Task_Knowledge_in_Stimulating_Service_Innovation
Valamis. (2023). Knowledge Management: Importance, Benefits, Examples. https://www.valamis.com
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