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Calma

Vivemos numa sociedade marcada pelo frenesim, pelo imediatismo e pela hiperconectividade.

A calma surge, portanto, como um bálsamo necessário, um refúgio de serenidade no meio da azáfama do quotidiano. Não apenas como uma atitude passiva ou pela ausência de ação, mas como um estado de clareza e de equilíbrio que potencia a nossa eficácia tanto no domínio pessoal como no profissional.

Não é segredo que vivemos num mundo saturado de estímulos, onde somos constantemente bombardeados com informações, tarefas, exigências, pressões. Por isso mesmo, a calma é um recurso muito valioso, que nos ajuda a manter a clareza de pensamento, a focar nas tarefas que realmente importam, a tomar decisões ponderadas e equilibradas.

Acalmar a mente é como acalmar as águas de um lago turbulento: quando as ondas se acalmam, a superfície do lago torna-se tal qual um espelho que reflete o mundo com precisão e clareza. Da mesma forma, quando a nossa mente se acalma, tornamo-nos capazes de ver as coisas como elas realmente são, capazes de perceber todas as nuances e os detalhes que poderíamos ter perdido pelo meio do ruído e da confusão.

Este estado de calma e clareza potencia a criatividade, a eficácia, a capacidade para tomar decisões sensatas e equilibradas.

Mas, como em todos os aspetos da vida, é necessário equilíbrio.

Excessiva calma pode tornar-se em complacência, inércia, falta de iniciativa. Se a calma nos levar a evitar os desafios que surgem, a resistir às mudanças, a contentar-nos com o status quo, então poderá ser mais um obstáculo do que um facilitador ao nosso sucesso pessoal e profissional.

A arte de tudo isto, então, reside em encontrar o equilíbrio certo entre calma e ação, entre a serenidade e a dinâmica, entre o repouso e o movimento.

Para transcender o conceito de calma, proponho uma abordagem dialética, onde a calma não seja vista como um fim em si mesma, mas como um meio para alcançar um estado de equilíbrio dinâmico, de fluidez e eficácia.

Uma calma não passiva, mas ativa; que não evite os desafios, mas os enfrente com grande clareza e equilíbrio; que não se contente com o status quo, mas que procure de forma constante a inovação e o crescimento.

Para transcender a calma, é necessário cultivar uma atitude de abertura e de curiosidade, uma disposição para explorar o desconhecido, para aprender com os desafios, para crescimento e evolução.

Esta atitude de abertura e de curiosidade, acredito eu, é a verdadeira essência da calma: não a ausência de movimento, mas um movimento harmonioso e equilibrado; não a ausência de desafio, mas um desafio acolhido com clareza e equilíbrio; não a fuga da realidade, mas uma abraço pleno e consciente da realidade em toda a sua complexidade e dinamismo.

As vantagens da calma são evidentes.

Ela permite-nos manter a clareza de pensamento em situações de elevado stress e enorme pressão, ajuda-nos a focar nas tarefas que realmente importam, facilita a tomada de decisões ponderadas. E, para além disso, a calma pode ter um impacto muito positivo na nossa saúde e no bem-estar, ajudando na gestão do stress, na promoção da saúde cardiovascular, na melhoria da qualidade do sono, entre muitos outros benefícios.

Por outro lado, a calma também tem as suas potenciais desvantagens.

Em excesso, leva à complacência, à inércia, à falta de iniciativa. Levar-nos a evitar os desafios, a resistir às mudanças, a contentar-nos com o status quo, como já previamente referido. Além disso, a calma pode facilmente ser mal interpretada por outros, podendo ser vista como falta de interesse, falta de ambição e de compromisso.

Acredito que estas desvantagens não são inerentes à calma em si mesma, mas ao uso inadequado ou desequilibrado da mesma.

Acredito que é neste caminho que podemos encontrar a verdadeira força que existe na calma, não é apenas uma ferramenta para o sucesso pessoal e profissional, mas uma forma de vida, uma forma de ser, uma forma de estar no mundo.

A verdadeira essência da calma passa pela capacidade de nos adaptarmos a uma multiplicidade de cenários, mantendo sempre a objetividade e a clareza.

Entendo a calma como algo que não é inato; é um músculo que precisa ser exercitado e fortalecido, o que exige compromisso constante com o conhecimento próprio. Práticas como a meditação, o mindfulness, yoga, ou simplesmente reservar momentos para reflexão e introspeção, podem ser ferramentas de grande valor para cultivar a calma.

Não devemos ser escravos desta procura pela calma. Precisamos entender que é normal sentir ansiedade, stress, incerteza. Estas emoções não são fraquezas, são sinais de que estamos vivos, de que estamos atentos ao mundo à nossa volta.

Precisamos aprender a acolher estas emoções sem nos deixarmos dominar por elas, observar sem julgamento, reconhecer sem nos identificarmos com elas.

A calma, portanto, não é a negação das emoções, mas uma forma de nos relacionarmos com elas de uma forma mais saudável e equilibrada. Não é a fuga da realidade, mas uma forma de a enfrentarmos com maior clareza e eficácia.

Por fim, gostaria de salientar que a calma não é um estado de perfeição, mas um processo contínuo de aprendizagem e crescimento. Não é um destino, mas um caminho. E neste caminho, acredito eu, podemos encontrar a verdadeira beleza e significado da calma: não como um fim em si mesma, mas como uma forma de viver, de ser, de estar no mundo. Como um convite para abraçar a vida em toda a sua complexidade e dinamismo, com clareza, com equilíbrio, com coragem.

Com calma.

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