Continuando a refletir acerca do bem-estar, realizo que dentro de cada um de nós, existem duas vozes contraditórias que influenciam diretamente a nossa perceção de sucesso e do significado de bem-estar.
Uma dessas vozes incute-nos confiança, oferecendo a garantia de que somos suficientemente bons e capazes de superar qualquer desafio. A outra, semeia a dúvida e a incerteza, minando constantemente a nossa auto-estima e a crença nas nossas capacidades. O domínio de uma voz sobre a outra define, em larga escala, a direção para onde o nosso desenvolvimento pessoal e profissional, seguem. Controlar qual dessas vozes deverá ter maior volume e à qual prestamos mais atenção é fundamental para o nosso crescimento e para o alcance de máximo sucesso.
Ter plena consciência de quem somos, é o primeiro passo nesta jornada e requer um esforço explícito e muito bem definido para reconhecer aqueles momentos em que a voz negativa começa a ganhar força. Identificar essa voz, alerta-nos para a sua presença e permite-nos fazer a escolha consciente em aumentar o volume da voz positiva. Conseguir realizar esta função é essencial, pois permite-nos reconhecer as nossas limitações, os medos, e também valorizar as nossas forças e o nosso potencial. Desafiar os pensamentos negativos é o segundo passo a tomar e requer questionar a validade e a origem das afirmações negativas que a nossa mente insiste em reproduzir. Substituir esses pensamentos por afirmações positivas acerca do nosso valor e das nossas capacidades é como uma reafirmação da nossa capacidade inerente para a superação e o crescimento. Estarmos rodeados de positividade, é o terceiro passo e, igualmente vital. O ambiente e as pessoas que nos rodeiam têm um impacto profundo no nosso mindset. Procurar ativamente por pessoas e ambientes que amplifiquem a voz positiva e abafem a negativa é muito mais do que uma estratégia de sobrevivência, é uma escolha que orienta a nossa trajetória na direção do sucesso e do bem-estar. Este envolvimento com a positividade, fortalece a nossa resiliência diante das adversidades e serve para nos inspirar a perseguir os nossos objetivos com renovado vigor e determinação.
Mas, devemos ter cuidado. O objetivo não é silenciar completamente a voz negativa. Essa voz, embora desafiadora, faz parte de quem somos e serve como um mecanismo de alerta para possíveis áreas de melhoria. Realizamos, portanto, que o equilíbrio entre essas vozes internas é fundamental. Trata-se de conceder mais poder à voz que nos eleva e nos motiva, garantindo que ela tenha o volume requerido para nos guiar através dos desafios e das incertezas. Portanto, é imperativo que cada um de nós assuma o controlo desse mecanismo, ajustando o volume dessas vozes de acordo com o que mais beneficie o nosso crescimento pessoal e profissional. O domínio deste controlo permite-nos alcançar o nosso potencial máximo e construir uma auto-estima resiliente, aspetos que são essenciais para obter uma vida plena e satisfatória.
Para além das estratégias já mencionadas, a incorporação de práticas como a meditação e o mindfulness, como tenho referido em reflexões anteriores, oferece-nos ferramentas adicionais para conseguirmos calibrar a nossa perceção interna. Ao cultivarmos a presença e a atenção no presente, no momento que estamos a viver, tornamo-nos mais aptos a discernir entre os pensamentos construtivos e os destrutivos, sendo capazes de escolher com maior sabedoria a qual deles dar primazia. Construir uma rede de apoio que seja composta por indivíduos que nos encorajem e inspirem é também fundamental, de forma a amplificar a voz positiva dentro de nos e a oferecer pontos de vista valiosos que ajudem a equilibrar o nosso diálogo interno. Devem funcionar, por exemplo, como espelhos que mostrem a nossa verdadeira essência e o nosso potencial, que por vezes podem ser obscurecidos pela voz negativa interna.
Entendo também que a ligação entre o diálogo interno e o universo empresarial é profundamente significativa, evidenciando a sua importância diretamente no conceito de liderança, na cultura organizacional e no desempenho geral das empresas. No ambiente empresarial, a forma como os líderes e os colaboradores gerem os seus diálogos internos pode ter impactos sérios na inovação, na produtividade e no clima organizacional. Os líderes, em particular, desempenham um papel vital na criação e manutenção da cultura organizacional, através do exemplo que dão. Um líder que cultive um diálogo interno positivo vai estar mais equipado para enfrentar os desafios, tomar decisões sob pressão e inspirar confiança e resiliência na sua equipa. Os líderes que reconheçam a importância na gestão do seu diálogo interno são também mais aptos a promover um ambiente de trabalho que valorize a abertura, o feedback construtivo e o bem-estar dos seus colaboradores. Estes líderes demonstram a tendência para adotar estilos de liderança transformacionais, encorajando a inovação, a autonomia e o desenvolvimento contínuo dos seus colaboradores. A cultura organizacional, influencia e é influenciada pelo diálogo interno dos seus membros. As culturas que promovem a aprendizagem contínua, a resiliência e a positividade incentivam os colaboradores a desenvolver um diálogo interno que faça espelho desses valores. Em contraste, os ambientes de trabalho altamente competitivos ou punitivos podem exacerbar a voz interna negativa, contribuindo para o aumento do stress, da ansiedade e à diminuição da satisfação no trabalho. As empresas que reconhecem a importância do diálogo interno positivo estão, portanto, melhor posicionadas para promover o envolvimento, a lealdade e a produtividade dos seus colaboradores.
A relação entre o diálogo interno e o desempenho no trabalho é igualmente importante pois, os colaboradores que mantêm um diálogo interno positivo são naturalmente propensos a adotar um mindset de crescimento, vendo os desafios como oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento. Este mindset é fundamental para a inovação, pois encoraja a experimentação e a tomada de riscos calculados, que são componentes essenciais para o avanço e para a competitividade empresarial. Para além disso, o diálogo interno saudável contribui para melhorar a resolução de conflitos e para a colaboração entre equipas, fatores de máxima importância para a eficiência operacional e para a harmonia no local de trabalho.
As empresas podem adotar várias estratégias para promover o diálogo interno positivo entre os seus colaboradores. Programas de desenvolvimento pessoal e profissional, workshops sobre saúde mental e resiliência, assim como a implementação de políticas de apoio ao equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, são alguns dos principais exemplos. A promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e diversificado, onde todos os colaboradores se sintam valorizados e compreendidos, é uma estratégia chave adicional para reforçar a positividade no diálogo interno.
Ao abraçarmos a consciência e a gestão do nosso diálogo interno, estamos a abrir as portas para uma saúde mental resiliente e um bem-estar pleno e total, influenciando de forma positiva a eficiência organizacional, promovendo assim uma liderança que inspire pelo exemplo.
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Deixo o convite para realizarmos uma introspecção profunda e fazermos um compromisso com estratégias que amplifiquem a nossa positividade interna, guiando-nos pelo caminho na direção do sucesso e da realização plena.
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Referências
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