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A Indescritível Importância da Responsabilidade

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Responsabilidade

Mais do que um conceito ético é o alicerce sobre o qual repousam as relações laborais e a sustentação de qualquer organização que se preze. No entanto, parece ainda existir a necessidade de controlar o trabalhador, em limitar as suas ações em prol de um objetivo organizacional, situação que é claramente reflexo de uma concepção ultrapassada de liderança e gestão.

Realizo portanto, que o apelo incessante ao controlo é um contra-senso, uma antítese da valorização do potencial humano e do incentivo à autonomia.

A responsabilidade surge de forma natural como um um guia para o caminho na direção de um ambiente laboral onde a confiança seja a pedra angular da relação entre líderes e colaboradores.

Ao confiar na responsabilidade de um funcionário, não se delegam simplesmente tarefas. É depositada fé na sua capacidade de discernimento, autogestão e de superação.

Assim sendo, questiono o motivo pelo qual se insiste em perpetuar modelos de gestão que instigam a subordinação e a obediência cega, ao invés de se cultivar a semente da responsabilidade.

A resposta, conjecturo, reside nos paradigmas ancestrais que ainda permeiam o nosso tecido organizacional, nos quais a autoridade e o poder são vistos como sinónimos de liderança eficaz. Contudo, a realidade é incontornável e a evolução do pensamento humano exige uma mudança paradigmática.

Cada vez mais, a sociedade e o mundo corporativo anseiam por modelos de liderança que transcendam a autoritarismo e estimulem a autonomia e a responsabilidade.

Encorajar o sentido de responsabilidade é uma necessidade premente, uma condição sine qua non para o desenvolvimento de organizações ultra resilientes e facilmente adaptáveis às vicissitudes do mundo contemporâneo. Neste mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo em que vivemos, a capacidade de um indivíduo para agir com responsabilidade e autonomia torna-se um ativo inestimável. Para que isto seja possível, ao invés de nos circunscrevermos à rigidez das normas e dos protocolos, a fluidez da confiança e da responsabilidade deveria ser abraçada. Acreditar no potencial do ser humano para agir com integridade e discernimento, para cumprir objetivos de forma autónoma, é reconhecer que a verdadeira liderança não se impõe, inspira!

Não pretendo de forma alguma que esta minha reflexão se torne uma chamada à abdicação da autoridade, mas sim um apelo à sua redefinição.

A autoridade, na sua essência, não deveria ser ditatorial, mas sim inspiradora.

Deveria servir não como um mecanismo de controlo, mas como vetor de motivação, catalisador para o despertar da responsabilidade intrínseca que habita dentro de nós.

A transição para um modelo de liderança baseado na confiança e na responsabilidade requer a desconstrução de mentalidades enraizadas e, a construção de uma cultura de trabalho que valorize de forma inequívoca, a autonomia e a responsabilidade. É também fundamental perceber que a responsabilidade não se circunscreve ao âmbito laboral, pois o seu alcance é intrinsecamente mais amplo, resvalando nas esferas pessoais e sociais, com repercussões inegáveis na construção do caráter individual e na edificação de uma sociedade justa e equitativa.

A responsabilidade atua como um eixo axial, influenciando de maneira decisiva a forma como interagimos, decidimos e agimos, quer seja na capacidade profissional quer na pessoal. Uma abordagem responsável no ambiente laboral não é apenas reflexo, mas também precursor da conduta adotada no espaço privado, cultivando assim, uma simbiose entre o eu profissional e o eu pessoal.

No panorama pessoal, a responsabilidade molda as relações interpessoais, incide na tomada de decisões e no cumprimento de compromissos, sendo um barómetro de integridade e confiança. Não é apenas um dever mas uma demonstração de maturidade, um reflexo da nossa compreensão acerca do impacto das nossas ações para com os outros e para o mundo que nos rodeia.

Uma pessoa que internalize a responsabilidade nas suas ações quotidianas estará, inexoravelmente, predisposta a exercer a sua função com integridade, compromisso e excelência.

Posso portanto concluir que, a responsabilidade é um tema complexo, composto pela ética, pela consciência, a autonomia e a confiança. Ao fortalecermos a responsabilidade no âmbito pessoal, estamos a promover a mesma postura no ambiente laboral, contribuindo para a construção de organizações mais humanas, éticas e socialmente responsáveis.

Cabe a cada um de nós, enquanto indivíduos dotados de razão e de consciência, o dever de cultivar esta virtude, não apenas como exigência laboral, mas como um imperativo ético, um compromisso para com a nossa própria humanidade e com a sociedade à qual pertencemos.

Vamos fazer com que a responsabilidade seja o fio condutor que una o universo profissional ao pessoal, o individual ao coletivo, numa enorme teia interdependente e harmoniosa!

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