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A Dualidade do Ser na Sociedade

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Estou inserido numa sociedade que vive a um ritmo acelerado e sou constantemente confrontado com a realidade de ser substituível no mundo laboral.

Este não é um simples juízo de valor, é algo factual!

Enfrento também o desafio de manter um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, um aspecto fundamental para uma existência plena e com significado. Este equilíbrio parece muitas vezes um objetivo distante, particularmente quando me deparo com pressões e exigências profissionais e académicas crescentes. No entanto, é essencial manter viva a consciência de que, embora seja substituível no plano profissional, não o sou no âmbito pessoal e familiar.

Nesta reflexão, tento compreender a relevância desta compreensão e a sua influência na forma como oriento a minha vida. Vou procurar realçar a importância do trabalho e da escola, não apenas na gestão do tempo e das tarefas, mas também na gestão dos meus pensamentos e emoções. Devo analisar também, como a noção de substituibilidade no mundo do trabalho e insubstituibilidade na esfera pessoal poderá guiar as minhas escolhas e as decisões, influenciando diretamente a qualidade das minhas relações e a forma como estou a construir o meu legado. No fim de contas, o trabalho é apenas uma parte da vida, e o nosso verdadeiro impacto, o legado que deixamos, reside na nossa capacidade de estarmos presentes e envolvidos nas vidas daqueles que amamos.

Perante esta reflexão acerca do conceito de ser substituível e insubstituível em distintas esferas da vida, surge a necessidade de realizar uma análise sobre esta dualidade paradoxal. Uma análise que se torna imperativa, face ao ritmo frenético da nossa sociedade, na qual o fulgor laboral, por vezes, ofusca a importância fundamental das relações humanas.

A vida contemporânea é uma troca constante entre dois papéis antagónicos: por um lado, sou um cidadão engrenado no enorme mecanismo impessoal do mundo do trabalho, uma mera peça substituível que pode ser trocada sem grandes sobressaltos para o funcionamento do sistema; por outro, sou um ser único e singular, que existe na teia de relações pessoais e familiares, insubstituível nas minhas idiossincrasias, nas memórias partilhadas, nos laços de amor que me unem aos meus entes queridos.

A compreensão desta dualidade é fundamental e de máxima importância!

No plano laboral, a consciência da substituibilidade pode, à primeira vista, parecer um pensamento desconfortável, uma lembrança da efemeridade. No entanto, este é também um convite ao desapego, a uma perspetiva que valoriza o esforço e o empenho, mas sem esquecer o facto de que sou mais do que a minha profissão, mais do que as tarefas que executo.

Esta consciência leva-me a procurar um equilíbrio saudável entre o trabalho e a vida pessoal, a valorizar o tempo passado fora do âmbito profissional.

No entanto, na esfera pessoal e familiar, sou insubstituível. A consciência desta realidade leva-me a valorizar de forma profunda o tempo passado com os meus entes queridos e a reconhecer a importância de estar presente nas suas vidas. Assim sendo, o conceito de substituibilidade adquire uma nova luz: torna-se uma chamada para a autenticidade, para o cultivo das relações pessoais, para a criação de um legado duradouro de amor, de cuidado, de presença.

Viver esta dualidade, não é tarefa fácil. Requer reflexão, autoconhecimento, e acima de tudo, a coragem para fazer escolhas conscientes. Para proteger o meu tempo, para dizer não quando necessário, para equilibrar o compromisso com o trabalho com a dedicação à família e aos amigos. Esta é uma procura de equilíbrio que devo cultivar diariamente.

Para isto, a organização desempenha um papel fundamental. A organização do tempo, dos recursos, das tarefas. Mas a organização também é relevante no domínio interno: organizar os meus pensamentos, as minhas emoções, a minha energia. Isto não é apenas uma questão de eficiência, mas um ato de autocompaixão e autocuidado.

Em última análise, é através do reconhecimento desta dualidade – ser substituível no mundo do trabalho, mas insubstituível no coração dos entes queridos, que posso alcançar um equilíbrio profundo e significativo na vida.

A memória do tempo que passo a trabalhar não é o que permanecerá nos corações da minha filha, da minha esposa, dos meus amigos. O que eles recordarão, sim, serão os momentos de presença, os momentos de conexão e afeto, as risadas partilhadas e as memórias criadas juntos.

Por isso, é de máxima importância compreender que o trabalho, por mais importante que seja, não é um fim em si mesmo, mas um meio para um fim. Um meio que permite cuidar de mim próprio e das pessoas que amo, proporcionando o sustento e a segurança necessários para uma vida plena.

O trabalho, é, portanto, uma ferramenta para a criação de uma vida com significado, não o eixo central da minha existência.

O legado não é algo que se mede pelo número de horas passadas no trabalho, mas pelo impacto que tivemos na vida das pessoas que amamos, pela forma como as influenciamos, pelo amor que partilhamos.

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