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Nas vésperas dos momentos críticos, existe sempre uma energia quase palpável, que antecede a ação. Essa energia tem um nome:
A “Calma antes da Tempestade”.
No meu caso, esses momentos surgem antes de exames, defesas de trabalhos académicos ou momentos determinantes para o cumprimento de um objetivo que tenha estabelecido para mim mesmo. A ansiedade que me invade nesses instantes tem um sabor amargo que aprendi a apreciar e a utilizar a meu favor. Reconhecer a existência da ansiedade é o primeiro passo para conseguir lidar com ela.
Não a nego nem a repudio.
Ao invés, aceito-a como uma companheira ao longo do caminho, um sinal de que o que está em jogo é de grande importância. Compreender que a ansiedade é uma reação normal do meu organismo face a um estímulo de stress ajuda a que não me sinta alienado ou a julgar-me de forma negativa por sentir que estou ansioso.
Depois, naturalmente, surge o desafio de acalmar a mente, que não é um processo com a capacidade para ser forçado. Requer paciência, compaixão e uma certa dose de auto-disciplina.
A meditação, para mim, tem sido uma ferramenta essencial neste sentido.
O exercício de observar os meus pensamentos e os meus sentimentos, julgamento ou deixar-me ser arrastado por eles, proporciona-me uma sensação de tranquilidade e de alinhamento que sinto ser vital para lidar com a ansiedade.
Também descobri que a respiração é uma boa aliada. Um simples exercício de respiração, focando a atenção no ar que entra e sai dos meus pulmões, ajuda-me a anular o ruído mental e a sentir-me um pouco mais ancorado no momento. Ao tomar consciência da minha respiração, do ritmo do meu corpo, encontro um refúgio no meio da confusão.
A preparação cuidada e sistemática para o que está por vir também tem um impacto tremendo na redução da minha ansiedade.
Quanto mais seguro me sinto acerca do meu conhecimento e das minhas capacidades, menos espaço resta para a ansiedade. Assim, estabeleço um plano de estudos ou de trabalho que me permite abordar os desafios de forma equilibrada e estruturada, evitando os extremos que vivem na procrastinação e no excesso de trabalho.
A ansiedade, por muito desconfortável que seja, tem o seu valor. Alerta-me para o que é importante, estimula a minha concentração e acelera o meu pensamento. Aprender a lidar com ela, a suavizar os seus efeitos negativos e a aproveitar os seus benefícios, é uma habilidade que se adquire com o tempo e com a experiência.
A cada exame, a cada defesa de trabalho, a cada momento decisivo, sinto-me mais capaz, mais resiliente, mais preparado para enfrentar o que vem a seguir.
A mente humana é algo maravilhosamente complexo e imensamente poderoso.
Com um pouco de prática e alguma paciência, todos temos a capacidade de orientar os nossos pensamentos, de acalmar as nossas emoções e de enfrentar os desafios com serenidade e confiança.
A ansiedade não é uma inimiga a combater, mas sim uma parte integrante de quem sou, que precisa de ser compreendida e gerida com habilidade.
Existe também um aspecto particularmente importante que aprendi na minha jornada com a ansiedade – o cuidado próprio.
Nem sempre somos capazes de controlar as circunstâncias à nossa volta e os eventos que desencadeiam a ansiedade. Podemos, no entanto, controlar a forma como cuidamos de nós mesmos durante esses períodos. Alimentação saudável, sono adequado, exercício físico regular e momentos de lazer, são pilares fundamentais para uma boa saúde mental e física. Estes elementos, embora simples, são extremamente poderosos e têm um impacto profundo na forma como a ansiedade se manifesta em nós.
Por fim, e talvez o aspeto mais importante, aprendi que é fundamental manter uma atitude positiva em relação a mim mesmo, à vida e ao processo.
A ansiedade pode, com muita certeza, levar-me a questionar as minhas habilidades e a duvidar do meu valor. Mas, aprendi a reconhecer esses pensamentos como sendo produtos da ansiedade e não como verdades objetivas sobre mim mesmo. Consigo ver que, mesmo nos momentos de maior tensão e de incerteza, continuo a ser a mesma pessoa altamente capaz, que sempre fui!
Assim, com esta reflexão, o que me parece evidente é que, na verdade, a “calma antes da tempestade” não é uma verdadeira calma, mas sim uma forma de tensão de antecipação. A verdadeira calma só é atingida quando reconhecemos a tempestade, aceitamos a sua presença e aprendemos a dançar com ela.
Esta dança é o segredo para alcançar resultados de excelência. Este processo é uma caminhada constante, um caminho de conhecimento e desenvolvimento próprio.
Posso dizer com confiança que ao longo desta caminhada, tornei-me mais consciente, mais resiliente, mais sábio. Tornei-me melhor a lidar com a ansiedade, melhor a lidar com os desafios e, acima de tudo, melhor a lidar comigo mesmo.
Com este sentimento presente em mim, tento encorajar todos aqueles que lutam com a ansiedade, a não se deixarem abater.
É possível aprender a gerir a ansiedade e transformá-la numa força positiva. E, na minha opinião, esse é um dos aspetos que nos permitem alcançar o verdadeiro sucesso: não a ausência de dificuldades, mas a habilidade de as enfrentar e superar.
A calma não é ausência da tempestade, mas a paz no meio dela!
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